O vento toca o meu rosto me lembrando que o tempo vai com ele, e lá se foram 30 anos desde o lançamento do primeiro álbum da Oficina G3, banda que poucos anos mais tarde desse disco se tornaria um dos maiores nomes do rock cristão no Brasil.
Lançado em 1990 pela gravadora Gospel Records, Ao Vivo foi o álbum de estreia da Oficina G3, grupo formado no fim da década de 80 na cidade de São Paulo pelos integrantes Juninho Afram, Wagner García, Walter Lopes, Túlio Régis e Luciano Manga, G3 vem do simples fato de que eles eram o terceiro grupo de louvor da igreja “Cristo Salva”.
Também conhecido como “Ao vivo no Dama Xoc” (Dama Xoc foi uma lendária casa de shows em São Paulo que já recebeu nomes como Ramones, Legião Urbana e Sepultura), esse primeiro disco é composto por 9 faixas, gravadas em um take único, sem pós produção, do palco pro disco. Das músicas gravadas naquela primeira noite já podemos destacar grandes clássicos como Magia Alguma, Naves Imperiais, Pirou e Cante, músicas que mais tarde se tornariam verdadeiros hinos, cantados calorosamente pelo publico nos shows e reproduzidos de maneira incansável nas rodas de violão dos acampamentos da juventude país afora.
Por se tratar do primeiro álbum, é de se esperar que o estilo musical e a identidade das composições ainda estivesse em busca de uma forma, o que temos nesse primeiro momento são experimentações e flertes com variadas vertentes do rock. Ficam nítidas as influências de Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho, tem até arranjo de saxofone; contudo, também já podemos perceber a intensidade das guitarras distorcidas e os solos mais elaborados de Juninho Afram, ainda que muito tímido e discreto, já era certamente o sinal que apontava um caminho mais direto ao hard rock que nos próximos dois álbuns se tornou a marca oficial da banda.
De modo geral, esse é um disco que será apreciado, em grande parte, pela galera que já se considera como a velha guarda do rock cristão nacional, não acredito que a nova geração de fãs da Oficina G3 tenha paladar para o estilo e proposta do disco, só mesmo quem viveu essa época do rock na igreja vai acabar dando o devido valor, seja pelo requinte de nostalgia, seja pelo fator gratidão, afinal de contas eles tiveram que romper barreiras, quebrar preconceitos e construir muitas pontes para chegar onde chegaram.
O que fica no final das contas é o respeito e a admiração por essa que é uma das bandas cristãs que mais influenciou e alcançou jovens tanto dentro como fora da igreja. É importante lembrar que em 1990 esse tipo de música ainda era catalogada pelos crentes da época como “música do capeta”. Mesmo depois de todo o trabalho feito por Janires, Rebanhão e Banda Azul, havia ainda muito preconceito. Converse com qualquer pessoa que goste de rock, seja essa pessoa cristã ou não, e certamente ela saberá te dar boas referências da Oficina G3. Foi assim que tudo começou, de uma noite no Dama Xoc para os palcos do Brasil inteiro, que bom que eles não desistiram.
- “Naves Imperiais”
- “Farol”
- “Bom É Louvar”
- “Comunicação”
- “Magia Alguma”
- “Cante”
- “Viver por Fé”
- “Você Pirou”
- “Parar e Pensar”
A formação inicial da Oficina G3 era a seguinte:
- Manga – Vocais (assumiu os vocais nos dois próximos álbuns)
- Túlio Régis – Vocais (deixou a banda logo após esse álbum, tem trabalho solo)
- Juninho Afram – Guitarra (o único integrante na banda desde a formação original)
- Wagner García (Maradona) – Contra-baixo
- Walter Lopes – Bateria (após sua saída, formou a banda Judas O Outro)
- James Conway – Guitarra Base (após deixar a banda atuou com vários outros artistas)
- Márcio Woody de Carvalho – Teclado
- Jonathas Carvalho Batista – saxofone
- Naves Imperiais
- Magia Alguma
- Viver Por Fé