Hello, leitores do Apenas Musica! Finalmente criei coragem para escrever um conteúdo que foge um pouco dos temas de música para infiltrar-me no mundo dos livros.  Pois é, confesso que não foi nada fácil, tudo porque o livro que estava lendo foi capaz de me tirar da zona de conforto. O livro em questão se chama “Descrentes: o que a nova geração realmente pensa sobre o cristianismo …E por que isso é importante”, publicado no Brasil pela Universidade da Família.

Quando esse livro chegou na minha mão eu estava um pouco irritado. Tinham-me “obrigado” a participar de um evento para pessoas que estavam com a fé enfraquecida. Naquela época participei das atividades que os irmãos estavam promovendo friamente. Sem interesse. Realmente, eu não queria está ali. Queria está em casa ou em qualquer lugar que eu julgasse interessante. Tentando matar meu tédio naquele lugar que era uma escola pública liberada para aquelas atividades, avistei uma banquinha de livros. Pensei: Ebá! Deve ser o melhor lugar pra espairecer. Mas, quando olhei para os livros me desanimei. Era tudo relacionado às temáticas do evento. Porém, um livro de capa simples me chamou atenção. Era justamente esse livro “Descrentes”. De fato, achei que fosse mais um livro desses que parte para uma lavagem cerebral de ateus que vão para o inferno. Só cristo que salva… blá blá blá.

Quando cheguei em casa, deixei ele na fila dos livros que eu  já havia comprado na espera de terminar os que eu andava lendo. Quando terminei não aguentei, furei a fila dos outros e fui logo ler esse. E de fato ele me surpreendeu. O conteúdo deste livro é mesmo impactante – trata-se de uma pesquisa pioneira encomendada pelo Fermi Project que foi conduzido pelo grupo Barna, guiados por uma complexa pergunta: Por que a imagem do cristianismo está tão ruim? A pesquisa foi feita entre jovens e adultos de 16 a 29 anos com intuito de descobrir os motivos do retrocesso do cristianismo no pais mais protestante do mundo.

Enquanto estava lendo tudo parecia meio exagerado e sempre pensava o seguinte. A pesquisa foi feita nos Estados Unidos não vou acreditar 100% nisso, a minha realidade, a brasileira, é outra. No entanto, esses dias, contei para um colega das aulas de inglês que sou cristão enquanto conversávamos numa roda esporádica de amigos. De repente, sem demonstração de esconder o seu semblante mudou. A voz ficou mais séria e o tom descontraído ficou um pouco tenso. Ele mesmo falou na frente de todos que não gostava de “crente” porque eram chatos e julgadores. Nossa! Quando ele falou isso, “julgadores”(é uma das respostas que aparecem na pesquisa o livro voltou a tona e isso começou a me incomodar). Os outros dias se passaram e esse meu colega não voltou a me tratar da mesma forma como antes. Tudo mudou entre nós. Na cabeça dele eu sou uma espécie de “Malafaia”.

A pesquisa foi organizada da seguinte perspectiva: a geração Mosaica (pessoas nascidas entre 1982 e 2002) e a Geração da Queda (pessoas nascidas entre 1965 e 1983) ou seja, a pesquisa foi dedicada com pessoas que tinham menos de 30 anos. Por que a pesquisa levantou dados com esses nomes? Segundo o livro, os termos originais são Mosaics Burterse mais adiante Boomers Elders. Por isso, quando traduziram para o nosso idioma eles optaram por usar expressões como Geração mosaica, Geração da Queda, Geração da explosão e Geração idosa (Essas palavras Explosão e Queda são relacionados aos números de nascimentos nos Estados Unidos durante esses períodos, após a Segunda Guerra Mundial e à queda drástica a partir da década de 60).

Alguns resultados encontrados na pesquisa:

Os argumentos apresentados nesta pesquisa são profundos e inesperados, ao menos para mim. Ler coisas como “hipócrita“, “anti-homossexual“, “fechados“, “políticos demais“, “julgadores” “atrasados“, “intolerantes“.  Bem, aqui no Brasil não precisaríamos ler esse livro para perceber que também não temos uma “boa” imagem perante os jovens em geral. Creio que se fizéssemos uma pesquisa semelhante estaríamos no mesmo barco que os americanos.

“Os cristão são orgulhosos e estão sempre prontos a encontrar defeitos nos outros” (2012, p, 197).   

“Você não pode impor suas crenças” (2012, p, 200).

“Os cristãos são chatos, obtusos, antiquados e não têm contato com a realidade”. (2012, p, 133). 

“Os cristãos dizem uma coisa, mas vivem algo totalmente diferente”. (2012, p, 47). 

Depois de passar essa experiência com meu colega do inglês, fiz a associação que ele pertence a categoria da geração mosaica pela idade dele. E, muito do posicionamento que ele me apresentou acabou batendo com a proposta do livro. Entretanto também pode ser apenas coincidência. Agora, de fato a imagem do cristianismo está ruim. Isso não é uma exclusividade dos americanos e nem dos brasileiros, mas no mundo inteiro. Isso vai piorar ao passar dos anos. Eu sei que nenhum ser humano é perfeito. Todos nós somos movidos a falhar em algum momento. Mas ter fé, acreditar em uma religião (independente de ser cristã ou não) possui a missão de melhorar como pessoa. Esse livro me fez pensar nas minhas condutas, no meu modo de agir. A enxergar com outros olhos o meu próximo. Obvio, no livro não se aborda apenas as coisas negativas, as boas aparecem também. Mas é tão pequeno, miúdo. Chegamos ao ponto em que ” ser descrente” ganhou um sinônimo de tolerância e respeito ao próximo. O que é meio incoerente. Acho que nos tempos em que vivemos a nossa maior responsabilidade para prega sobre a salvação – mostrar que somos pessoas boas e que sabemos lidar com quem é diferente de nós.

Sobre o Autor

Sou Jornalista, louco por música e apaixonado pela natureza.

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