Não há dúvidas de que, depois do CRTL C/CRTL V, uma das maiores sacadas dessa nova era globalizada e de distribuição virtual são os Streamings. Aliás, imaginar nossas vidas hoje sem Netflix, Dezzer, Crunchyroll, Telecine Play, ou até mesmo Google Play (pasmem, é um streaming), fica bem difícil se pensarmos nesse cenário hipotético.

Já parafraseei a importância do Spotify na minha primeira postagem na casa, quando comentei sobre o Come Wind. Sem sombra de dúvida, essa querida plataforma proporciona uma avalanche de oportunidades para N artistas/bandas e quem acaba saindo vitorioso nessa história somos nós, reles ouvintes. Eu mesmo já perdi a conta de quantos trabalhos bem produzidos e de qualidade ímpar conheci por lá.

Mas o ponto interessante de hoje é que um novo conceito vem surgindo. Ele não é novo, claro. Se analisarmos com mais afinco, podemos dizer que o Noisetrade iniciou algo relativamente semelhante quando ele surgiu em 2008: o lançamento de singles avulsos. A nomenclatura single é bastante difundida desde décadas passadas, mas o lançamento de singles avulsos, sem nenhuma necessidade de ser um prólogo de algum futuro EP, ou estar atrelado ao lançamento de um novo disco, vem tomando forma e, mais uma vez, quem ganha com isso somos nós, reles ouvintes.

Brooke Fraser transformou essa pequena brincadeira em um projeto carismático de quatro canções, “IV Fridays”, e deve ter gostado tanto que logo depois, para agraciar nosso último verão, lançou Therapy. O Quarto Fechado em vias de comemorar o Dia dos Namorados, disponibilizou O Amor é Assim. Até o Nickelback resolveu fazer um cover de Dirty Laundry do Don Henley. Tudo isso disponibilizado em primeira mão no Spotify.

E o que aconteceu? Jason Barrows, sim o já conhecido por aqui, mas pouco difundido Jason Barrows, que nas finaleiras de 2014 jogou na rede o intimista e maravilhoso EP “Islands of My Soul”, decidiu seguir a modinha e nos entregar sua nova música de trabalho, “Never Forget”.

Eu sou suspeito pra dizer isso, mas a primeira vez que meu décimo oitavo fone de ouvido alarmou os acordes iniciais de City of Lost Children, uma das principais canções do projeto, eu sabia no meu interior que algo bom estava nas minhas mãos, ou nos meus canais auditivos como preferir.

Bebendo de influências que vão de The Cure, Josh Garrels, uma pitadinha de Bruce Springsteen, o estilo que Jason segue é puramente nostálgico e embalado por letras que vão de reflexões imponentes sobre a Cruz  ou convites a conhecermos o nosso papel dentro de um relacionamento Divindade-criação. E com Never Forget não poderia ser diferente.

A introdução é bem peculiar e mostra um Jason disposto em sair da zona de conforto vocal que já estávamos de certa forma acostumados, mas que não soa em nada estranho. Funciona. E arrisco a dizer, as guitarras que estão ora cruas, ora limpas, deram um clima extremamente Jonh Mark McMillan pra música. A influência chega a ser evidente quando a canção vai chegando mais perto do seu fim.

O que mais me chama a atenção é que todo o seu trabalho é gravado em casa. Não é todo artista que consegue transpor espiritualidade e qualidade técnica musical quando não se tem um bom estúdio ou uma produção renomada. Na minha humilde opinião, troco tranquilamente um homemade project que soe verdadeiro do que uma super produção musical alá mainstream. Nesse caso, temos os dois ao mesmo tempo e mais uma vez quem ganha somos nós, reles ouvintes.

Há indícios de um novo disco vindo? Não. Nos importamos com isso? Definitivamente não.

Sobre o Autor

John Perkins disse certo: O amor é a luta final.

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