Eu não aconselharia a fazer uma tradução literal para Valleyheart. Podemos encontrar em traduções literais em nomes de bandas, títulos emblemáticos como Skillet (frigideira), por exemplo. Mas, automaticamente fazendo uma, foi que “Coração de Vale” entrou no meu rol de curiosidades e hoje vos apresento essa banda de rock de Salem, Massachusetts. Um rock alternativo que conversa levemente com o indie e com o post-hardcore, apenas para reforçar.

Ficarei devendo aqui qualquer mega comparação e análise técnica, pois, além de não fazer meu estilo de escrita, não foi a grande força motriz que me fez decidir: “preciso falar sobre Valleyheart no site”.  Aliás, já tenho escutado as canções de forma esporádica no último ano e só nesse fim de semana que entendi que era hora de resenhar ela por aqui. Explicarei isso mais ao fim.

Apenas um EP, um single (cover do Sufjan Stevens) e um álbum lançado em 2018 , tornam o currículo da banda curto, porém bem assertivo no que se diz respeito à identidade. Ao ouvir, acabamos entendendo a proposta da banda que tentarei expressar em uma só palavra: crueza. E sim, crueza é uma palavra feia, diga-se de passagem, mas me desculpem, não encontrei outra que pôde exemplificar meus sentimentos quanto ao que meus ouvidos encontraram.

Kevin Kline (não o ator), vocalista e líder da banda, foi um ser humano que cresceu dentro da igreja, provavelmente continua dentro dela, mas não tem receio nenhum de demonstrar que um ser humano (sendo cristão ou não) é permeado por dúvidas, mazelas e decepções. E que imprimir todas essas conjecturas em sua arte demonstra muito mais força do que fraqueza, que ser cru está mais perto da humanidade estabelecida pelo Salvador do que uma espiritualidade baseada em prospecções do que podemos ser.

E isso conversa com as nossas estações pessoais. Está cada vez mais raro dentro de nossas congregações, ambientes onde o indivíduo pode falar sobre o indivíduo de si mesmo, sobre quem somos numa totalidade. E muitas questões de fé e aceitação poderiam ser resolvidas de forma muito mais simples se não fossemos automaticamente levados à criar versões “cozidas” de nós mesmos, não “cruas”. Fica o adendo que, talvez, a Valleyheart quis trazer, principalmente em seu último projeto Everyone I’ve Ever Loved, disco esse que eu considero fantástico.

O inverno começou nesse último fim de semana e nesse ritmo de vida introspectivo somos propensos a refletir mais sobre tudo. Pegue seu café, sua touca, ouça Valleyheart e celebre ser desnudo de alma.

Valleyheart é para quem gosta de: From Indian Lakes, My Epic, Hearts Like Lions e Come Wind.

 

 

 

 

Sobre o Autor

John Perkins disse certo: O amor é a luta final.

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