Estamos aqui com esse review, camuflado de de diário de audição, mas mesmo assim ainda um review, sobre o nada mais nada menos que Interrobang, 12º álbum de estúdio da banda Switchfoot. Em pensar que cinco anos atrás a banda entrou num hiato curtíssimo de apenas 10 meses que fez muita gente desacreditar que os veria ao vivo algum dia. Ainda tenho esse sonho e compartilho com você que lê essas linhas. Mas o fato é que os tios do rock alternativo ainda estão a todo vapor e, como comentei em um dos nossos AM Express, dando aula de reinvenção.

Interrobang pode ser considerado um álbum que mergulha no bom rock alternativo que estamos acostumados a adorar no Switchfoot, com letras um pouco menos profundas (vou explicar o porquê) do que estamos habituados, mas não menos atraentes e convidativas. Existe também um Q de rock noventista, flertando com um vintagezinho alí, vintagezinho lá. É o famoso jargão: ‘isso aqui é novo, mas também muito familiar’, digo no quesito dos moldes switchfootanos.

Graciosamente, o significado de interrobang que é um símbolo não oficial em algumas culturas, que mescla a interrogação com a exclamação, que imprime o significado do álbum como uma junção de assombro, fé, dúvida, percalço, humanidade e vida, tudo num mix só, é muito Jon Foreman e sua turma, né não?

A prolixa “beloved” abre o álbum como sendo a canção mais extensa, afinal são mais de cinco minutos em uma melodia e ouvimos a voz do Tim muito forte nos backings. É uma boa introdução, as viradas de tempo são bem inteligentes e quero dispensar comentários novamente acerca das guitarras do Drew, o mais subaproveitado guitarrista dessa era contemporânea. Vou aqui ressaltar em como o conteúdo da letra pode transformar “beloved” em uma sofrência hipster de relacionamento oscilante; ou pra tocar em festas de fim de ano de se você fragmentar a reflexão.

“lost ‘cause” veio com videoclipe no dia da estreia do álbum é uma musica bem compassada, não muito enérgica, gosto novamente das guitarras trabalhando em conjunto com a bateria numa melodia bem linear e interessante. Ressalto aqui que a sofrência hispter continua.

Um violoncelo abre “fluorescent” que é uma excelente canção de pop rock alternativo que cresce e desce no decorrer da sua execução e foi sabiamente escolhida pra ser um dos primeiros trabalhos a ser divulgados. Com isso, a gente até desconsidera os elementos eletrônicos que não estávamos esperando, que ao meu miserável ver não precisavam existir. (aqui quem fala é o traumatizado de Fading West), mas em que nada diminuem a grandiosidade do single.

“if i were you”, tem todo aquele rock de garagem e nos leva de volta às épocas de Learning to Breathe (o álbum), mas obviamente com a voz do Jon mais evoluída e sabendo onde aumentar e subir o tom. Ouvimos aqui de novo a voz do Tim e do Jerome claramente nos backings? Gosto muito dessas demonstrações. Vale a pena ressaltar que a crítica social aparece mais latente aqui, numa clara apologia à empatia bem colocada na composição.

A balada da vez é comandada por “the bone of us, que tem uma pegada etérea, aos moldes do que vimos na época de FW/WTLST, mas é uma boa faixa. Minha única ressalva, e nem é tão ressalva assim, é que acho a canção sem muitos potenciais de ser levada adiante, mesmo com a melodia sendo essa belezura que vemos aqui. Um single balada que não me traz lágrimas aos olhos, melhor dizendo.

“splinter” é diferente do que já ouvi até aqui. Me faltam conceitos técnicos pra exercer essa consideração, mas essa guitarra metálica, enfatizada principalmente no refrão, é excelente e traz uma densidade e energia externamente gostosas. Logo de cara é uma das minhas favoritas quando escutei Interrobang pela primeira vez, e continua sendo nas escutadas sequentes. Esse refrão …it’s only illusions, it’s only illusions… fica na mente.

“i need to you to be wrong”, que é a nossa sétima faixa, é outra balada bem linear com uma melodia muito bem realizada. Não me arranca lágrimas (parece que estou esperando a próxima “Dare You to Move”, né?), mas me arranca sorrisos e isso por si só é suficiente.

A oitava canção é “the hard way” e definitivamente e aqui sugere-se que a era experimental ficou com Deus, mas sabemos que não. A faixa é um rock alternativo competente, bateria firme e uma letra pra cantar junto, literalmente. Embora estejam todos com mais de 40 anos e o Jon Foreman apresentar cada vez mais ares cadavéricos (pura brincadeira, gente), os tios do surf californiano continuam fazendo música boa, com mini riffs ótimos.

“wolves” também é bem diferente e tem um início bem baixo, valsado e introspectivo. Novamente Chad Butler manda o seu recado pra geral. Essa com certeza é a faixa que não sei dizer ainda se gosto ou não gosto e com certeza precisarei de mais replays. Mas não julgo ser algo que destoa da obra como um todo.

“backwards in time” e “electricity” formam um combo de bom desfecho, na opinião. A primeira seria o meu voto pra canção de fim de disco que quase ninguém se atenta, mas tem mensagem e condensa a obra como um todo, assim como “Where I Belong” nas épocas de Vice Verses. Ela é o meu jam da vez e o dueto com o Tim me pegou de surpresa da melhor maneira possível.

Na sequência e fechando o disco, “electricity” que é uma faixa forte e também entrou pro meu hall de preferidas. A pegada ‘Oasis encontrando The Verve’ é indiscutivelmente ótima e eu tive o prazer de tê-la em passeios de carro que fiz recentemente em Brasília.

Aliás, eu escutei o disco inteirin passeando de carro e eu indico essa experiência à todos.

Finalizamos concluindo que Interrobang é mais um notável e bom projeto do Switchfoot, que cada vez mais vem desenvolvendo e encontrando um tom equilibrado entre o saudosismo da identidade já criada e conquistada, enquanto também desenvolve uma nova personalidade musical com os anos e trabalhos lançados.

Qual sua favorita, correligionário?