É criatura e criador. Michael Sweet é Stryper e Stryper é Michael Sweet. Particularmente, eu acredito que os trabalhos solos do frontman é uma forma de dar vazão a toda criatividade e talento que ele possui, pois se você trocar o nome do disco para o Stryper pode ser aceito (ou confundido) facilmente para ouvidos desatentos. Para não ser mal compreendido, não estou dizendo que isso é ruim, mas também não vejo como algo tão bom, mesmo entendendo que é algo da identidade musical do Sweet. Não é possível desejar algo diferente daquilo que é o melhor dele, mas acredito que os trabalhos solos poderiam ter espaço para mais experimentações. Isso é uma visão bem particular mesmo, afinal uma distinção do trabalho individual para o em grupo é o peso das canções. Considero One Sided War (2016) muito mais enérgico e consistente do que God Damn Evil (2018), por exemplo. 

Em uma entrevista em 2016 ao The Aquarian Weekly , Sweet disse que gostava de fazer álbuns solo “porque é uma oportunidade de me libertar um pouco mais, experimentar um pouco mais e experimentar algumas coisas que o Stryper talvez não consiga.”

Mas uma coisa não dá pra discutir: é um excelente trabalho. Além disso, a qualidade lírica, como sempre, é impecável. Sweet sempre preza pela transparência e objetividade da mensagem bíblica. É lindo ouvir faixas como Son Of Man.

Outro ponto de destaque para TEN é o time de artistas convidados. Na tracklist no final do post você poderá ver os nomes envolvidos nesse disco celebrativo. Sobre isso, vale a pena ressaltar que tais participações demonstram o prestígio de Sweet no cenário. Diante da “natural” resistência à fé cristã, ver tantos músicos de peso envolvidos, mostra que o talento sobressai qualquer tipo de diferença, sem falar que isso é fruto de um trabalho de décadas. Por isso tanto admiro o frontman do Stryper por não negociar sua crença em detrimento de um prestígio social. É triste ver tantos artistas que abriram mão ou suprimiram a espiritualidade para entrar ou por causa da entrada em um segmento musical. Para ser notável é preciso ser bom, mas sendo cristão, parece que esse esforço precisa ser em dobro. E isso o Michael tem.

Fechando essa breve análise, não poderíamos deixar de destacar a presença do brasileiro Jean Michel, da Designations Artwork, na concepção da identidade visual do disco. Com mais de 10 anos de atuação no mercado do Design Gráfico, nosso conterrâneo também já foi responsável por capas como “Metal Church – Damned If You Do”, “Lynch Mob – The brotherhood”, “Roxanne – Radio Silence” e “Keep Of Kalessin – Epistemology”. Vale muito a pena acompanhar o trabalho do cara aqui e aqui.

Capa e identidade visual desenvolvida pelo brasileiro Jean Michel, da Designations Artwork.

Michael Sweet – Ten (2019)

1. Better Part Of Me (featuring Jeff Loomis of Arch Enemy)
 2. Lay It Down (featuring Marzi Montazeri)
 3. Forget, Forgive (featuring Howie Simon)
 4. Now Or Never (featuring Gus G of Firewind)
 5. Ten (featuring Rich Ward of Fozzy)
 6. Shine (featuring Ethan Brosh)
 7. Let It Be Love
 8. Never Alone (featuring Joel Hoekstra of Whitesnake)
 9. When Love Is Hated (featuring Joel Hoekstra of Whitesnake)
10. Ricochet (featuring Tracii Guns of L.A. Guns)
11. With You Till The End (featuring Mike Kerr and Ian Raposa from FIRSTBOURNE) – Bonus Track
12. Son Of Man (featuring Todd La Torre of QUEENSRŸCHE and Andy James