Ter 18 anos é sinônimo de maioridade. Ou seja, se é “gente grande”. Em 2019, o disco O Segredo, da banda Fruto Sagrado, chega a essa marca, mas, ao contrário do anunciado há pouco, ele não atingiu a maioridade, pois, assim como toda a discografia da banda, ele já nasceu sendo “gente grande”.

Não é necessário muito esforço para compreender isso, uma vez que fica claro que o som da Fruto Sagrado sempre foi para ouvidos “não sensíveis”. Com uma crítica ácida em cada verso, ninguém escapa ao apontar de dedos de Marcão e banda, inclusive eles próprios. Faixas como No Porão da Alma, comprova o argumento. Nela, o “pitbull” do pecado está lá, sempre esperando o momento de atacar.

Com uma mensagem direta, sem firulas ou arrodeios, o disco O Segredo traz um Fruto Sagrado inventivo como sempre. Em Forrock, elementos nordestinos se fazem presentes em uma crítica sociopolítica que, infelizmente, mostra-se muito atual (confira nossa playlist Fé Política). Em A Mensagem, O Vale das Sombras e The Time Is Over, o grupo ataca o pecado da sociedade, jogando os erros na cara, mas sempre com o convite de redenção.

É necessário ter maturidade e autoridade para criticar a igreja, mas isso nunca foi difícil para o grupo. Eles deixaram um vácuo imenso no mainstream cristão, onde, mesmo sendo mais coadjuvantes no cenário com seus contemporâneos como o Oficina G3 e o Resgate, me parece que a Fruto Sagrado nunca se preocupou muito com a opinião pública sobre sua lírica. Falando a verdade com sabedoria, Livre Arbítrio e O Novo Mandamento fala dos erros dos cristãos, nos trazendo à memória nossa missão de amar ao próximo e cuidar dos nossos.

Atual e relevante, O Segredo deixa saudade, nostalgia e um vazio marcante não apenas no fã, mas em um cenário musical genérico e cheio de frases batidas. Vamos celebrar essa marca perpetuando esse legado para as novas gerações.

Relembre também nossa análise sobre Fruto Sagrado – Acústico 10 anos.