Carioca residindo na Nova Zelândia, o cantor e compositor traz muita singularidade com seu folk/rock no EP Imaginando o Lar, de 2016.

O cotidiano é cenário para suas composições. Trazer os dramas e aprendizados em forma de música é se expor, é se mostrar frágil, mas ao mesmo tempo forte. Deixar as frases feitas e as meras repetições de lado é o laço de empatia de quem canta com quem ouve. Na singeleza de versos sinceros, Lucas Lopes se faz instrumento que sopra as pessoas para mais perto de Deus.

Conduzido pelo Evangelho puro e simples, o EP Imaginando o Lar (2016) é um convite para a reflexão. Em poucos minutos, ele nos faz caminhar pela dor e pela esperança, pela autocrítica diante do espelho e pela acidez sensata do questionável atual modo de ser da igreja. Mas, em todos os casos, a conclusão é de reconciliação. Suas canções plantam sementes de conversão que serão regadas pelo Espírito e dar fruto no momento propício. Assim, compartilhar o trabalho do Lucas Lopes é fazer com que os ramos dessa árvore se expanda, fazendo sombra sobre corações ansiosos e ouvidos cansados do Gospel.

Antes da entrevista, um breve mergulho na mente do cantor carioca através da introdução feita para o seu disco de estreia:

Lucas Lopes – Imaginando o Lar (Teaser)

Afinal, o que é tudo isso?
Uma peregrinação que chamamos de vida
Um lugar onde o mal e o bem se cumprimentam todo santo dia pelas manhãs e depois seguem seu caminho normalmente…

Uma misteriosa experiência que, apesar dos pesares, não há como negar que é incrível
Estamos no mundo e o chão que a gente pisa é nossa casa
Os encontros, dádivas
Os desencontros, contratempo ou livramento
Vai saber…

Às vezes vejo limitarem tudo a isso:
A vida como um período de tempo
E a morte como um monstro que assombra em dias turvos

Porém, há mais do que isso
E me refiro tanto a vida quanto a morte
Há mais do que se sente e muito mais do que se vê

E como perceber? Caminhando em fé!
Essa que, por vezes, a gente apoia em madeira podre

É preciso saber o destino, pelo menos o desejado, pra saber qual caminho trilhar

E mesmo sem saber muito como viver, a gente tá aqui
Vivendo no caminho e a caminho, em uma viagem para o lar.

Posto isso, segue a prazerosa entrevista que tivemos com ele:

Apenas Música: “Lucas Lopes é um pecador que canta sobre as maravilhas da graça, os encontros pelo caminho e a fé em Jesus Cristo.” A síntese sobre si não poderia ser melhor, contudo, sobre o quê mais poderíamos nos aprofundar em quem é Lucas Lopes?

Lucas Lopes: Sou um cara simples, vindo de Barra Mansa/RJ. Gosto de gente simples e música simples. Se possível, os dois juntos. Amo compor e conhecer gente que também compõe. Ambiente com muita risada, comida e música é o que mais me agrada hahaha. Às vezes falo demais, logo erro demais. Nunca sei quando devo esperar Deus agir sobrenaturalmente e/ou quando devo avançar “por mim mesmo”.

AM: Seu trabalho é muito singular. Sua habilidade em passear entre o folk e o rock traz músicas muito bem equilibradas, isso sem falar na sua voz que é inconfundível. Quais suas referências artísticas na hora de compor e interpretar?

Lucas: Muito obrigado! Gosto de música que conta história de verdade. Então, Country Music e Hinos antigos/tradicionais com certeza influenciam minha forma de compor. E sobre interpretação, não penso muito. Quase sempre cada música já traz sua vibe, então, só vou e canto.

AM: Marcos Almeida, do Palavrantiga, costuma falar em “músicas tecidas na Esperança” como o atual momento do cenário cristão. Como você enxerga esse movimento que vem transcendendo o Gospel? Você tem acompanhado algum nome em especial?

Lucas: Acredito que a gente precisa de muita humildade e analisar muito bem as reais intenções do nosso coração (tanto compositor quanto ouvinte). Se Deus nos der um som que transcenda, seja lá o que for, amém. Agora se for só a gente tentando fazer um ‘som alternativo’ porque o ‘gospel é chato’, o chato vai ser a gente. Talvez o que a gente precisa é só contar a história. Cantar sobre quem é Jesus, o que ele faz e o que pode fazer. Assim o Espírito Santo vai completando a obra em nós e através de nós.
Nome em especial: Estêvão Queiroga! O cara é incrível!

AM: Como tem sido sua experiência como artista independente de música autoral? Quais os principais aprendizados e desafios que você encara para quem deseja começar essa jornada?

Lucas: Não costumava acreditar muito na influência de alguma música minha sobre a vida de alguém. Componho bastante, mas pouca coisa compartilho. Fico estagnado quando me pergunto sobre a real intenção por trás de um lançamento de uma música minha. Mas, de algumas semanas pra cá, tenho pensado sobre isso e me sentindo mais encorajado a começar a compartilhar as músicas que Deus me dá. Na esperança de que isso mude alguém pra melhor, assim como muitas músicas de outros irmãos e irmãs mudam a mim. Pra quem deseja começar essa jornada e pra quem já está nela, o temor do Senhor deve ser a base pras intenções do coração.

https://youtu.be/M2nFhVKEKpk

AM: Inevitável não ficar desejando mais após ouvir um EP e um single. Há novidades em vista? Poderemos ver gravações de Vapor e Transplante, por exemplo?

Lucas: Sim! Acertou em cheio. Vapor é uma música muito especial e, se Deus quiser, em algumas semanas vai estar na rede. Tô ansioso pra dividir essa alegria com mais gente!

AM: “Em cada esquina é um discurso diferente sobre a mesma opinião, mas como pode ser, um Deus que nunca muda variar tanto assim?” O lirismo das suas faixas atrai atenção de um modo muito especial. Sem dúvidas, Varanda é uma delas e, de alguma forma, a vejo dialogando com o tempo que estamos vivendo. Como você tem visto a postura dos cristãos brasileiros nesse contexto de pandemia e divergências políticas?

Lucas: É uma situação nova e delicada. Infelizmente, é normal como ser humano a gente errar, tanto por excesso quanto por falta. Precisamos orar por amor, sabedoria e moderação pra administrarmos isso tudo. E também por esperança, fé e compaixão pra gente conseguir passar por esse triste período.

Se nossas mãos continuarem sujas com esse sangue
de inocentes que tentamos enganar
Vai ser em vão a caminhada e a esperança
Todo passo vai ser passo pra atolar

AM: Aproveitando, você atualmente está na Nova Zelândia. Como é ser igreja e artista por aí?

Lucas: O Reino é o mesmo! Graças a Deus, a igreja de Cristo é uma só, e eu vejo como isso tem um papel importantíssimo na vida de alguém recém chegado num novo país. Participar aqui de comunidades de fé como a Christian Agape Centre (igreja brasileira em Auckland) e Elim Christian Centre foi super importante pra minha saúde mental e adaptação. É um país super pequeno e bem aberto a diferentes linhas de pensamento, então todos tem sua “liberdade”. Sobre ser artista, continuo compondo em português e começando a fazer alguma coisa em inglês, mas não tenho apresentado nada por aqui ainda. Inclusive conheço poucos artistas cristãos daqui, mas um superinteressante é o Strahan.

AM:  Nesse tempo de quarentena, as lives têm ressignificado a relação entre artistas e fãs. Como você vê o papel da arte nesse contexto de isolamento social?

Lucas: Acredito que as variadas formas de arte podem afetar nossas percepções, tanto positiva quanto negativamente. Então, acho interessante a gente selecionar muito bem o que ouvir, ver, ler etc principalmente nesse momento em que alguns estão com a mente inconstante e passando por situações de incerteza. Talvez seja uma boa escolha selecionar conteúdos que despertem boas sensações e tragam esperança ao invés de um espírito desanimado. O Apenas Música tá aí pra ajudar nisso!

AM: Pra encerrar: “Imaginando o Lar” é um título bastante sugestivo para um disco. Particularmente ele soa como um convite para retirar os olhos da realidade que muitas vezes se mostra crua e dolorosa para o acalanto do porvir (que começa agora) com Ele. Para você, qual a importância da imaginação para o cristão? Seria ela um tipo de exercício de fé?

Lucas: Sim! Acredito que a imaginação está sempre ali do lado da fé e da esperança. O anseio por algo sempre nos impulsiona pra mais perto dele e imaginar é quase um vislumbre. A gente imagina enquanto espera com fé.

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