Certa vez comentamos sobre o trabalho da Priscilla Alcântara aqui. Mesmo não unânimes em opinião, sempre estamos de olho nas novidades dessa moça. Recentemente ela lançou GENTE, seu álbum de estúdio que vem provocando intensas discussões devido a sua singularidade no meio cristão.
Particularmente admiro a ousadia da Priscilla em se posicionar no limiar de dois universos que, ao invés de dialogarem com seus devidos limites, vivem em constante guerra. Não é um lugar fácil, muito menos cômodo. Não diria de vanguarda, mas o suficiente para levar muitas tapas na cara (dos dois lados). Transitar entre o “santo” e o “secular” é uma habilidade para poucos, mas me parece que ela tem se saído bem nisso, principalmente diante da repercussão que seu trabalho está tendo com quem é de fora da tribo evangélica como o Hugo Gloss.
Um convite à empatia
Nessa faixa, Priscilla provoca o ouvinte a mudar de posição. A olhar para o outro e se enxergar nele. Com esse simples e complexo exercício, é possível sentir na pele as dores e a beleza que a cegueira de nossas crenças (muitas vezes distorcidas) nos impede de perceber.
“Do mesmo lugar que você, eu vim. Como você, ao pó eu voltarei. Você é igual a mim. Então, faça por mim o que faria a você.”
Musicalmente é uma balada eletrônica simpática, sem muito alarde, mas com uma qualidade bem na média. Ela envolve e se encaixa com o clímax da canção.
O clipe de Empatia é uma baita produção
Podem até não gostar da música, do estilo e até mesmo da cantora, mas uma coisa é difícil de discordar: a qualidade técnica do clipe. Com um show de referências artísticas, o vídeo conta com o roteiro de Alyne Morais e Gil Morais (esse último também responsável pela direção). A produção da Multiforme Filmes é de uma qualidade pouco vista no segmento cristão. Com uma pegada vintage e hipster, o clipe pode até atrair a atenção dos irmãos mais alternativos e causar certa estranheza na massa gospel. Contudo, como dito lá no início, parece que a Priscilla pouco se importa com os supostos “escândalos” que seu trabalho tem gerado, tendo uma consciência cada vez mais clara e sólida do caminho que escolheu trilhar. Espero que Deus a dê sabedoria.
“É cheio de referências artísticas, porque amamos arte. É cheio de representações de vida, porque amamos pessoas. Talvez você tenha que assistir mais de uma vez e a cada vez, captará algo novo. Divirta-se com isso. Essa experiência é pra você.”