Não é de hoje que artistas do “meio secular” (gostaria que tivéssemos um caps lock  para essas aspas) passeiam entre o cenário da dita música cristã, seja com suas letras confessionais, seja com engajamento em causas sociais, seja a participação em festivais que levam o selo cristão em sua marca d’água. Isso pode ser muito benéfico, diga-se de passagem.

O contrário também pode existir, embora em terras brasileiras esse conceito “artista gospel cantando música do mundo” (gostaria de mais um caps lock para essas aspas) não é bem visto. Claro que a interpretação depende muito do contexto, mas a nossa cultura enraizada da linha tênue muito delicada entre sacro e profano atrapalha nossa contemplação. Isso é um fato, colegas.

Não vamos entrar nesse mérito. Essa discussão perde força cada vez mais ao longos desses anos com um Mauro Henrique num featuring com Supercombo ou numa Sandy compondo “Me Espera”(letra mais cristã impossível). Vamos apenas entrar no mérito de que a Avril Lavigne lançou uma música nova de trabalho e ela merece nossa análise.

Análise não, né?! Digamos que uma superficial reflexão apenas para não passarmos em branco.

Desvencilhada da imagem pop rock punk desde o segundo disco, Avril Lavigne tem se tornado a cada lançamento mais comercial. Sem vergonha nenhuma de falar que “I’m With You” passeia na minha lista de músicas favoritas de todos os tempos, desde The Best Damn Thing a minha percepção sobre acompanhar seu trabalho mudou um pouco de cenário. No seu último álbum eu só me atentei a “Let Me Go” pela participação do Chad Kroeger. Todos sabem que sou fã ávido de Nickelback, correto?

“God, keep my head above water                  Don’t let me drown It gets harder I’ll meet you there at the altar As I fall down to my knees”     

Esse single lançado tem um valor demasiadamente pessoal para a cantora. Após ter enfrentado a tão famigerada doença de Lyme, Avril sobreviveu e porque não dizer encontrou espaço em seu trabalho para falar de fé? “Head Above Water” soa comercial ao extremo e ainda sinto a síndrome “Quero ser Alanis Morissete” pairando no ar, mas a mensagem é encorajadora e nos traz a esperança e constatação de que Deus e seu agir para com o ser humano em sua individualidade, é muito maior que a nossa concepção pífia de como age o Criador.

Musicalmente falando, a canção tem o típico piano introdutório das baladas mais conhecidas de Avril. Carrega uma dramaticidade de interpretação relativamente ok e logo no primeiro play não tem como dizer que essa música não pertence à intérprete de “Sk8erBoy”. Contestando os exemplos que demos no início do texto, a letra de redenção e rendição é que nos leva a refletir ela por aqui.

Por isso, através da pergunta que eu mesmo fiz, respondemos com um sorriso simpático no rosto: Sim, merece nossa atenção.