Nosso grande arqui-inimigo dos dias atuais é termos em nós projetada a falsa sensação de que o “mais” é imediatamente classificado como sinônimo de sucesso ou qualidade. E essa equiparação relacionada à números nos acompanha em todos os períodos da História e vem escrevendo com êxito também nessa Idade Contemporânea* em que vivemos. O que de certa forma, faz com que entendamos como nosso conceito é formado por bases errôneas de parametrização.

Como um ex-participante de ABU (Aliança Bíblica Universitária) nas minhas épocas tenras de faculdade (não faz muito tempo), me pego refletindo quantas vezes eu fiquei triste por ter apenas quatro pessoas nas nossas reuniões. E o mais assustador é o quanto eu e você ainda continuamos a fazer isso.

Se tenho 25 anos e não tenho um veículo próprio, dinheiro no banco ou prospecção nenhuma de fazer pós graduação, há algo de errado. Se você é presidente do departamento de jovens e ele não cresce em quantidade de pessoas, há algo errado. Se você como músico ou banda não tem nenhuma música com mais de 1 milhão de visualizações no Youtube, há definitivamente algo de errado. Números, apenas números. E deixando claro que eles são sim importantes, mas nunca como mérito de definição, sendo de alguém ou algo.

Quando a Aurorah apareceu ano passado com “Caledônia”, falando repetidamente sobre aquela introdução e sonoridades maravilhosas e convidativas, eu não imaginei que estaríamos conversando novamente sobre ela. De imediato torci muito para que desse certo, mas o meu viés já conhecido para o lado estrangeiro da música não projetou um acompanhamento. E cá estou.

Com a sucessão de lançamentos, “Pão do Dia” veio com um proposta lírica saindo um pouco dos terrenos indiretamente confessionais, mas com uma melodia viva e alegre. Um verdadeiro “jam” desses que faz parte do seu trajeto ao trabalho, da sua viagem de carro, do seu luau, da sua vida por bastante. Já presenciei até legenda de foto no Instagram com a letra. O verdadeiro significado de “essa música é a minha história”.

Não diria problemas, mas sim ressalvas. Os outros dois singles não me agraciaram tanto aos ouvidos, mas tenho que confessar que em grande parte faz muito mais sentido analisar o meu conceito pessoal do que o conceito da própria Aurorah. A canção pode ser a mais interessante possível, a mais tecnicamente trabalhada possível, pode ser a nova “Tears Of The Dragon” dessa geração, se ela se estender por mais de quatro minutos (tempo que EU acho suficiente para uma música), eu já perco a motivação em prosseguir.

Embora “Encontro” venha de uma composição que já conheçamos e que nos dá a sensação de “eu já vi isso antes”, ela se embasa em uma espécie de rock adoração, se é que posso dizer assim, coerente e sem nada a dizer contra. E posso concluir que “Apesar de Mim” segue o mesmo trajeto de obra.

Declarando aqui minha total preferência para as duas primeiras músicas lançadas, chegamos enfim no que diz respeito ao título dessa postagem: A notável trajetória da Aurorah até aqui. Notável porque com apenas quatro canções no currículo, essa galera carioca conseguiu carimbar o seu selo no cenário cristão nacional e vem, de forma gradativa e crescente, ganhando um reconhecimento merecido em pouco espaço de tempo. Nossa torcida é que, independente de álbum, EP, live session, ou qualquer outra forma futura de divulgação de trabalho, a banda consiga sempre levar essa representatividade da nova geração de apreciadores de música que está chegando.

A primeira vez que resenhei sobre eles aqui, terminei minha postagem dizendo: Seja bem vinda, Aurorah. E talvez, hoje as palavras mais sensatas sejam: Vida longa, Aurorah.

P.S: Quando que definitivamente vamos sair da Idade Contemporânea e perceber que já estamos no futuro para enfim a roupa prateada ser a moda do momento?! #Reflita

Sobre o Autor

John Perkins disse certo: O amor é a luta final.

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