Quase inexistente no meio cristão, o frevo é uma das mais ricas produções culturais do Brasil. Da fervura das ruas, o frevo também é resistência. Muito mais que carnaval, ele traz na sua essência inúmeras críticas sociais e políticas. No instrumento, no canto ou na dança do passista, o frevo traz uma complexidade cultural singular. Quem já presenciou sua passagem nas ruas, compreende melhor que não se trata apenas de música.
Capiba, Alceu, J.Michiles, Spok, Maestro Forró, e tantos outros mestres que misturaram o maxixe, a capoeira, a marcha, a polca, a quadrilha e uma infinidade de outros estilos entregando um som tão original e vibrante que é praticamente impossível não se deixar contagiar. Quem não conhece, vale a pena pesquisar as suas variações: de rua, canção e de bloco. Cada uma com sua características, todas inconfundíveis.
Uma das músicas mais tradicionais do Carnaval pernambucano, Madeira que cupim não rói foi composta por Capiba, em 1963. (Eduardo Amorim)
No dia que se relembra a primeira vez que a palavra frevo apareceu em um jornal, meu desejo é que um dia a igreja abra seus ouvidos para esse patrimônio imaterial da humanidade.