No último dia 03 de junho, a Lorena Chaves finalmente lançou seu segundo tão aguardado disco. E a primeira impressão é: ela está totalmente apaixonada. Quem acompanha as redes da cantora deve ter visto todo o romance que ela está vivendo. E, naturalmente, o amor se tornou tema central em seu novo trabalho. O que pode agradar uns e causar estranheza em outros. Agradar por se identificarem com as belas composições e estranhar por ser tão monotemático se comparado ao disco anterior.

Enquanto o disco de estreia mostrava uma Lorena falando sobre diversos temas que iam desde relacionamento à críticas sociais bem elaboradas, em “Em Cada Canto” você houve curtos 31 minutos sobre amor, amor e amor. Confesso que, para mim, o disco está longe de ser ruim, mas senti que perdeu um pouco da riqueza temática, afinal, quem não estiver apaixonado pode não ter tanta empatia com o disco, principalmente se lembrarmos que o anterior possui letras mais diretamente voltadas para Deus e para missão. Quem sabe a escolha por restringir a temática não tenha sido um estratégia comercial de alcance de público? Para mim, no problem.

Reforço que não vejo problema em falar exclusivamente sobre o amor e relacionamento, pois olhando a vida da Lorena nas redes sociais é possível ver que ela mantem a fé e, com certeza, é essa fé que embasa a escrita do amor. Isso é muito bacana e desafiador para ouvidos mais conservadores.

Mas vamos falar de faixa por faixa. Mas antes, mencionar que a capa é linda! Parabéns aos envolvidos.

“Em Cada Canto” se inicia com “Tracejo”, uma excelente canção de abertura com um refrão pegajoso, uma balada pop envolvente e um influência nítida, para mim, de Mahmundi e o novo pop/mpb brasileiro. “Nessa diferença que a gente encaixa”, canta Lorena. Fantástico.




Depois de conhecer o amor, “Alma na Gangorra” já te leva pro altar e toca no desafio da vida à dois. Essa faixa é mais a cara da Lorena do disco de estreia.




 

“Amanheceu” é detalhar a vida acompanhada. Fala da intimidade com o mesmo tom alegre que segue o disco. Bacana, mas nada de especial.

“Envelhecer Com Você”, é bem Mahmundi também, um ambiente bem lounge.  A letra é fantástica: “Eu gosto da ideia de envelhecer com você / Quero ter você nos dias mais incertos, só pra me esconder na paz de um abraço teu”.

A faixa que dá título ao álbum divide o foco do outro e põe os olhos na vida. “Em Cada Canto” é alegre e canta sobre a simplicidade da vida. Bem bacana. Sintetiza a proposta colorida e vivencial da Lorena.

Começando a reta final do disco está “Por Onde For”, fazendo referência ao sociólogo Zygmunt Bauman ao falar da importância de fugir de relacionamentos líquidos e menciona a divindade no verso “a graça se releva em harmonia, alvorecendo a beleza em cores”.  Uma boa canção para refletir.

“De Platão a Neruda” é show! Muito bem trabalhada, bem confessional e envolvente. Certamente muita gente vai se identificar com a história cantada por Lorena nela. Refrão arretado e me fez lembrar mais uma vez Mahmundi a até mesmo a Sandy. Uma das melhores do disco.

Se tem uma faixa que eu pulo sem pestanejar é “True Blue”. Desde seu lançamento como single eu não tive nenhuma simpatia por ela. Mergulhada no retrô synthpop da moda, o refrão dela me dá agonia. Uma sensação de ouvir canção de adolescente fofa e colorida. Pode ser uma besteira, mas me dá muita agonia mesmo.

“Lugar sem Fim” é o “Lamento” do disco anterior. Com clima de encerramento, ela fala sobre futuro, esperança e conforto. Um final bem simpático.

Em suma, confesso que eu tinha outras expectativas sobre o segundo disco da Lorena. Pensei que ele viria tão “forte” quanto o álbum de estreia, mas me faz lembrar que um trabalho, muitas vezes, é reflexo da vida de quem o cria e isso é muito massa. “Em cada canto” é um convite para conhecer o coração da Lorena. Parabéns, moça! Seu coração é lindo. 😀

 

Sobre o Autor

Modernizar o passado é uma evolução musical.

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