Mudanças sempre acontecem no cenário musical, isso é fato. Sejam elas por circunstâncias comerciais, judiciais, novos horizontes a serem seguidos, um momento de vida específico que influencia diretamente no conjunto da obra como um todo, entre outros. Todos esses podem ser considerados justificativas plausíveis para mudança.

Posso citar aqui  uma enxurrada olímpica de exemplos: uma Krystal Meyers que, antes de finalizar carreira, pulou do punk pop rock para o eletro pop num piscar de álbuns; um Switchfoot que resolveu brincar de documentário e lançou um álbum slash trilha sonora oscilando entre o independente e o surf music com “Fading West”; ou, até mesmo, um trio intimista chamado Caleb que, por questão desconhecidas (eu voto na originalidade), decidiu se chamar Colony House. Ah, e não preciso citar a Lorena Chaves em “Em Cada Canto” que quase não se percebe uma fagulha de autorretrato, ou preciso? Concluindo: as estações mudam. E com elas, focos são mudados, as perspectivas são mudadas e por que não dizer até o jeito como se faz música?

Quando o Citizens and Saints apareceu lá em 2012 com seu indie e modesto EP, logo de cara chamando a atenção pelo timbre rasgado do Zach Bolen, talvez o impacto não tenha sido tanto. Na época, apenas com o simples e objetivo nome de Citizens e, sendo lançado como mais um artista/banda que levava o selo do Mars Hill Music, talvez as atenções não tenham sido totalmente devidas. Como eu disse, talvez.

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Quando o até então self-title primeiro álbum foi lançado, podemos dizer que o hype começou. Logo de cara, eles lançam “Made Alive”, seu primeiro single, entregando um clipe recheado de subjetividade e coerência com uma melodia indiezinho rock carismática. Um prato cheio já que o disco seguia a mesma linha: extremamente cristocêntrico, canções que mais pareciam hinos antigos repaginados, pegada oldschool nas baladinhas, citando a sensacional “I am Living in a Land of Death”, as agitadas oferecendo refrãos chicletes que ninguém precisava pegar a letra no Vagalume para o sing-along e etecétara. Para resumir, um tracklist que valia a conferência.




Até que então as mudanças vieram. E que comece a lista.

Quem vos fala não pode, nem tem domínio wikipédico o bastante para dizer em que ordem aconteceram, mas o Citizens começa a passar por suas primeiras transformações. Acontece que já havia uma banda com esse mesmo nome, apenas com um diferencial de ter um ponto de exclamação no final (aquela velha história Aeroilis), fazendo com que eles mudassem para a atual graça de Citizens and Saints. Não bastasse essa transição, o líder e vocalista principal anunciava que a banda não faria mais parte do selo Mars Hill Music, ficando apenas com a BEC Recordings. Como eu disse, não sei a ordem correta.

Ao lançar o seu segundo álbum, “Join theTriumph”, outra novidade. Embora as letras continuassem cristocêntricas e esbanjassem devocionais que fariam o Leeland observar com carinho as composições, a pegada já estava totalmente diferente. O rock oitentista dominou e as guitarras sobressalentes saíram de cena dando espaço para os sintetizadores e ritmos mais compassados. O modo como o disco segue também é bem interessante, mais ainda não é meu favorito. Cito “You Have Searched Me” e “The Mighty Hand of God” como minhas favoritas.

Tudo bem, mas o que isso tem a ver com o título da matéria? Quero primeiramente pedir desculpas ao leitor pelo meu exagero e prolixidade para explicar algo tão simples. Não está no meu vocabulário o conceito de pessoa concisa. E, em segundo lugar, quis falar de todas essas mudanças para retratar que o Citizens and Saints provavelmente mudou mais uma vez.

Sem muitas informações em vários lugares, o terceiro trabalho da banda com data prévia de lançamento para setembro, promete atestar muito do que foi discutido pelos parágrafos acima já que o rock dos anos oitenta foi embora e alternatividade entrou em cena. Apenas duas músicas foram lançadas de forma aleatória e sem muitos alarmes em algumas plataformas. Eu queria entender esse mistério todo em prol de novas informações, mas acho até instigante, de certa forma.

Na primeira amostra do que está por vir, “Madness” entrega uma composição diferente do que já vimos até então. Um confessional de alguém que necessita acreditar em algo concreto, que se sente perdido, mas mesmo assim consegue se maravilhar com todos esses mistérios. Com algumas ressalvas, era muito difícil de encontrar letras tão pessoais assim. E, por favor, não me culpe se você quiser brincar de backing vocal toda vez que escutar o “Your ways, yooourwaaays, Your toughts, yooour thooooughts”, mas mesmo assim a intro continua sendo minha parte favorita da música e os vocais do Zach, percebe-se, estão mais contidos.

Relent que foi lançada pouco mais de uma semana, ainda estou digerindo. É tudo novo, experimental, soando mais intimista e pessoal, e de alguma forma lembrando aquele velho Citizens and Saints que já conhecemos tão bem. Vou ter que confessar pra vocês: tem tudo pra ser marcante. Deixa eu mudar de música aqui.







Sobre o Autor

John Perkins disse certo: O amor é a luta final.

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