Amanhã  (02.08.19) o Narnia lança seu novo disco e tivemos o privilégio de ter acesso ao disco antes de estar disponível nas plataformas.

Após realizar um dos sonhos da vida em poder ver os caras ao vivo na minha cidade, a paixão pela banda foi elevada à enésima potência e a expectativa com o novo trabalho seguiu o mesmo nível. Minha relação afetiva com o grupo já foi contada em outras publicações como AQUI e AQUI. Diante disso, tiro muitos chapéus para o grupo não apenas pela qualidade técnica do trabalho, mas pela persistência em estar na ativa há décadas e, principalmente, por manter firme a fé e a devoção no Criador. É inspirador ouvir tanto fervor pela mensagem do Evangelho com transparência e profundidade. Com inteligência e sem firulas, os caras da Narnia entregam um louvor a Deus fortalecendo a crença dos fieis através dos seus talentos.

Mas, falando sobre o disco que será lançado nesta sexta (02.08), a sensação foi paradoxal. Mesmo sendo um fã ferrenho da banda, a primeira audição do disco não deu match. Isso me trouxe à lembrança do lançamento de Enter The Gate (2006). Após o complexo The Great Fall (2003) com seu conceito e power metal melódico limpo, o sucessor trouxe uma banda calcada no progressivo, com peso e uma intensidade musical que causou estranheza nas primeiras impressões. Levei tempo e muitos plays para digerir o álbum e compreender todas as camadas que o grupo tinha produzido ali. Hoje, eu o vejo com outros olhos, enxergando-o com um disco singular, uma expressão da evolução da banda, mas mantendo a essência característica dela.

Após todas as estranhezas do período que acompanhou o Course of Generation (2009), a banda ressurgiu com o autointitulado que, como dito na resenha, reuniu brilhantemente o que de melhor tinha a banda. Cada faixa do disco de 2016 traz um pouco da trajetória construída até o momento. Assim, com o anúncio de From Darkness to Light, em 2019, a expectativa não era outra a não ser dar continuidade ao que já foi trabalhado. No entanto, para mim, não foi bem isso o que aconteceu.

Narnia – From Darkness To Light (2019)

Abrir o disco com “A Crack In The Sky” aparentava que o disco seguiria o caminho do seu antecessor. Som moderno, pesado e com um refrão que faz os pentecostais falar em línguas, a faixa traz a consistência do grupo.

Os primeiros segundos de “You Are The Air That I Breathe” mostram que os caras resolveram experimentar. Com uma pegada entre o Hard Rock e Pop, a faixa é uma aposta no clichê chiclete. Ela evoca Audiovision e outros trabalhos do Christian. Talvez ao vivo, com o carisma do vocalista, ela tenha uma magia diferenciada.

As baladas começam a marcar presença já na terceira faixa com “Has The River Run Dry” que também tem o melódico com base. Mesmo não sendo inovadora, ela também tem um refrão envolvente.

Press Release

“The Armor Of God” começa imponente e certamente será ponto forte ao vivo. Com uma abertura envolvente, ela traz a origem no power metal. Tudo para ser um novo clássico da banda. Linda!

“MNFST” é do time das baladas e me fez lembrar de Messengers do disco de 2016. O refrão mais uma vez é marcante e de um valor teológico forte. O solo neoclássico manda recado como espaço reservado para o brilhantismo de Carl Johan Grimmark. Em “The War That Tore the Land” segue a calmaria, mas apesar da mensagem da sua letra, é uma faixa sonoramente pouco expressiva.

“Sail On” é o peso progressivo que se fortalece no grupo. Consistente, técnico e preciso, a faixa deve agradar os fãs mais envolvidos no estilo. É uma faixa linda para se aplaudir o profissionalismo da banda. Aqui você sente o peso de mais de quase 25 anos de história. De semelhante forma é “I Will Follow” que aprofunda ainda mais a vertente progressiva. Com guitarras marcantes, ela intercala a suavidade do canto com momentos de velocidade, envolvendo numa atmosfera musical densa tão bem vista no grupo.

O disco termina com a faixa título em duas partes. “From Darkness To Light – Part 1” começa arrepiando com seu melódico imponente, trazendo a recordação do brilhante The Great Fall que também encerra o disco com a faixa título. Com um mix de texturas musicais, a canção quebra as melodias com violão, guitarras, pianos e um canto dramático. A parte dois é uma faixa instrumental com uma encantadora proposta de opostos. É suave, mas intensa. É clean, mas complexa. É dramática, mas esperançosa.

Assim, a Narnia aprofunda ainda mais suas raízes como um nome de respeito no metal mundial, ampliando seu legado com mais uma grande obra que certamente irá agradar os fãs de todas as gerações.

Aguardamos com grande expectativa também pela turnê latino-americana, mostrando o sucesso que foi a passagem do grupo por aqui poucos anos atrás. Aproveitamos para agradecer a assessoria da banda por nos ter convidado a apreciar o material primeira mão. Foi uma imensa honra!

  1. A Crack in the Sky
  2. You Are the Air That I Breathe
  3. Has the River Run Dry
  4. The Armor of God
  5. MNFST
  6. The War That Tore the Land
  7. Sail On
  8. I Will Follow
  9. From Darkness to Light (Part 1)
  10. From Darkness to Light (Part 2)
From Darkness To Light: Vários Narnia em um
Mesmo com minha impressão inicial ter sido de estranheza, eu com certeza digo que há vários Narnia e um, num disco complexo e que convida o ouvinte a uma apreciação sem pressa.
ORIGINALIDADE8
CAPA6.4
LETRAS8.9
REFRÃO CHICLETE9.3
REFERÊNCIAS MUSICAIS8.3
ARRANJOS8
MELHORES FAIXAS
  • A Crack in the Sky
  • The Armor of God
  • Sail On
DEIXAM A DESEJAR
  • You Are the Air That I Breathe
  • Has the River Run Dry
8.2Avaliação Geral
Avaliação do Público: (2 Votes)
8.1