Hoje é um dia especial no Apenas Musica, é dia de entrevista internacional. Essa entrevista tem um valor especial pois foi através da indicação deste site (quando eu ainda era um mero espectador) que conheci o incrível som de Jason Barrows – você pode ler mais aqui e aqui. Além da carreira solo, ele atualmente é guitarrista de ninguém menos do que Josh Garrels. Confira esse bate papo super interessante:

 

Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer por nos atender. Esse é um momento especial para o Apenas Música (temos muitas pessoas que acompanham seu trabalho do Brasil).

AM: Para começar, você pode nos contar um pouco sobre você?

Jason: Eu cresci em Indianápolis, que é uma cidade legal no meio dos Estados Unidos. Eu comecei a tocar música depois de me formar no ensino médio, e toquei em todo tipo de bandas enquanto estava com meus vinte e poucos anos. Nos dias em que eu não estou tocando, eu gosto de pedalar, mais especificamente por trilhas e acampar. Eu acho que depois de morar no centro de uma cidade agitada por tanto tempo isso me levou a sair para lugares mais tranquilos. E isto acabou tendo influência sobre as minhas músicas e composições.

AM: Eu sei que a maioria dos artistas preferem não classificar seu trabalho em categorias específicas, mas o que os ouvintes podem esperar ao “apertar o play” em Jason Barrows?

Jason: Eu penso que você está certo, categorizar músicas é realmente muito complicado hoje em dia, especialmente com tantos gêneros e subgêneros. Eu cresci ouvindo muito do rock clássico e pude ver o “nascimento” do grunge e indie rock. Mas eu sempre fui instigado por compositores, então acho que minha música é uma mistura de todas essas influências.

AM: Qual a sua opinião sobre a divisão (ou até mesmo a mistura) na música entre o sagrado e o secular?

Jason: A discussão do sagrado/secular é um mistério para mim como para qualquer outra pessoa.

Há certas ocasiões em que eu acho que minha fé em minhas composições tem um grande peso, mas em outros dias eu apenas me perco na criação dos sons em si. Eu sempre tento deixar que isso aconteça naturalmente, assim minha música atinja todas as pessoas. Meu real objetivo não é compor músicas “populares”, mas sim criar uma expressão verdadeira de mim mesmo.

Para mim, as pessoas reagem melhor aquilo que é verdadeiro.

AM: Quem são suas referências na música e o que você tem escutado ultimamente?

Meus hábitos atuais de ouvir música são sempre sobre o que me rodeia. Por exemplo: de manhã cedo eu escuto música instrumental ambiente (alguns dos meus favoritos são Stars of Lid, Hammock e Grouper). Se eu estou pedalando sozinho no bosque, então eu gosto de um bom indie rock (Fleet Foxes, Mimicking Birds, Band of Horses). Mas nos últimos anos eu tenho sido inspirado por Beach House, Mac Demarco e War On Drugs que são algumas boas bandas de “indie”.

AM: Talvez essa seja a grande pergunta da maioria dos fãs: Quando vamos ouvir uma música feat. Josh Garrels? (E eu acho que um EP com você, Josh, Strahan e Zach Winters iria “bombar” no Spotify hahaha)

Jason: (Risos) Eu acho que vocês preferem me ouvir nos álbuns deles. Mas talvez, um dia desses eu escreva alguma coisa e convença-os. Eu acho que o Strahan está vindo para nossa cidade para gravar o seu próximo álbum, então vocês provavelmente vão ouvir um pouco do nosso time neste trabalho (shhhh  😏).

 

Strahan e Josh Garrels

AM: De onde venho a inspiração para o seu single mais recente “This Light Will Find You”?

Jason: “This Light Will Find You” foi uma espécie de “hit de verão” em minha mente. Eu queria que ele fosse descontraído e grooving. Eu sempre preciso de mais músicas sobre minha fé que me ajude a relaxar um pouco. Porque a vida pode ficar intensa e, às vezes, eu sinto que Deus está dizendo: “Cara, relaxe um pouco!”

AM: Em 2014 você lançou “Island Of My Soul”, um álbum incrível. Qual é a história por trás da canção “City of Lost Children”?

Jason: “City of Lost Children” foi inspirada quando eu morava bem no coração da nossa cidade. A janela do meu quarto dava para o centro da intersecção principal, onde as pessoas iam trabalhar, festejar, e todo o tipo de atividade social acontece. Minha parte favorita é “I close my eyes, reach beyond them and listen”  (Eu fecho meus olhos, vou além deles e ouço). Foi um lembrete de que o mundo sempre tentará lhe dizer em que acreditar, em que direção caminhar e quem você não é. Essa música é um lembrete de que preciso olhar para minha fé e para meu criador quando minha visão ficar turva.




AM: Uma das características de suas músicas é associação de letras profundas com melodias incríveis. Como é o seu processo de criação (composição e gravação)?

Jason: Eu escrevo muitas músicas apenas a partir de um título, sou definitivamente uma pessoa de letras e mensagens. Isso impulsiona o coração da música.

Por exemplo, na música “Jesus Honestly” eu tive aquela pequena parte de guitarra por um longo tempo até que finalmente consegui o título e tive o momento “aha”. Eu costumo ser um pensador linear e, por instinto, inicio com a mensagem e tento envolver a música em torno dela.

AM: Alguma previsão de músicas novas ainda esse ano?

Jason: Eu tenho um novo EP que acabei de gravar, agora estamos no processo de mixagem e espero que eu possa lançá-lo até o final do verão. Então, talvez siga fazendo versões acústicas de algumas músicas.

AM: Você tem planos de vir ao Brasil?

Na América nós sempre brincamos porque os fãs brasileiros, mais do que qualquer outro país, sempre comentam nas redes sociais “Come to Brazil!”. Nós com certeza amamos isso. Talvez eu deva ir 😎

Onde devo tocar?

AM: A minha sugestão de turnê no Brasil seria Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife.

AM: Obrigado mais uma vez Jason e espero que essa seja a primeira de muitas entrevistas.

Jason: Eu espero que tenha me saído bem (risos).

 

Nota: Agradecimento especial nesta entrevista ao Gans pelo suporte nos bastidores.