Particularmente acho um tanto raro encontrar vozes femininas nacionais de qualidade. Apesar das mulheres serem muito mais expressivas no meio musical cristão, encontrar alguma que faça algo original é um tanto escasso. Mas conheci 3 que me chamaram atenção nos últimos tempos. Vamos lá:

Sarah

Sarah

SARAH

A primeira delas é Sarah. Com um nome artístico curto e um disco homônimo, fica um tanto difícil encontrar algo sobre ela, mas o que se sabe é que a jovem é da Bahia e dona de uma doce voz pra lá de encantadora. Indicada pelo Spotify, fiquei curioso pela beleza e personalidade da capa. Negra de turbante e muito estilo, seu disco começa com a tranquila Meu Coração É Teu que traz uma letra bem intimista e confessional. O swing black toma conta com a dançante Deus Está No Controle com uma mensagem de fé e otimismo. A próxima faixa Louve Ao Senhor, segue um balanço mais moderado e não me atraiu muito a minha atenção, ao contrário do que viria a seguir. Primeiro Amor é, para mim, a melhor faixa do disco. A ouvi várias vezes e que refrão! Uma interpretação cheia de emoção e simplicidade.

Chegando a metade do disco temos Ele Me Ama, uma balada simpática que conta com um toque de back vocal. No teclado e na viola, vem o samba de Graça transbordando brasilidade. Em seguida, voltamos para a calmaria de Espírito Santo que me fez lembrar as canções e a forma de cantar de PC Baruk. Na reta final, Eu Sou de Jesus retoma o swing que envolve o ouvinte no black/soul com uma letra simples e clara. Honra e Glória derruba novamente a velocidade do álbum e vai para um louvor e adoração convencional. De semelhante forma temos Dependente que encerra o disco com violão e um pop rock comum.

https://youtu.be/azX2oENkj-4?list=PLcyX7SIwMC29qFhQgPZacc72tB1xgyIvX

 

Apesar das variáveis sonoras (e minha preferência pelo tom mais brasileiro de algumas faixas), o trabalho da Sarah se destaca dentre as produções atuais. Vale muito a pena ficar de olho nessa talentosa baiana!

 

DEISE JACINTO

DEISE JACINTO

 

DEISE JACINTO

Sim, se eu visse o disco dela em uma loja muito dificilmente eu me sentiria atraído pela capa. Mas como a conheci através da indicação de um amigo, apertei o play para ouvir a Deise Jacinto. Os primeiros segundos de Vou Subindo já atraíram minha simpatia. Um folk singelo, uma voz suave e consistente, letras humanizadas e a leve presença de metais, me fizeram curtir o trabalho dessa moça.

De Santa Catarina, a cantora traz a vida e os sentimentos cantados pela ótica da fé em Cristo. De forma tão acolhedora, Como Deve Ser aborda nossos dilemas e a necessidade de firmar a identidade nEle. A voz e o violão predominam fazendo com que a atenção se volte para o que é cantado. Uma belíssima canção.

No mesmo clima vem Como o Sol trazendo a natureza e as experiências da vida para o canto. O estilo traz certas lembranças dos irmãos Arrais. Com formação em Educação Física e Música, Deise traz a doçura do agir divino transformando nossas vidas através do sacrifício de Jesus em Meu Interior.

Me Leva foi o cartão de visita que eu tive da Deise. O clipe, com uma leve pegada hipster, me encantou por sua simplicidade de produção e, claro, a beleza da canção. Confiram aí:

https://youtu.be/cVaX5SR1yv4

Inventor do Tempo também traz sua graça falando da soberania divina e seu relacionamento conosco por meio de uma poesia ímpar. O clipe é bem criativo.

https://youtu.be/amsjoyGemZ0

Rumores injeta um pouco mais de alegria no ritmo. Já Final Feliz, faixa-título, devolve novamente reflexão ao disco dando ênfase na realidade humana e sua relação com o divino. Próximo ao fim do disco temos Lucas 15, dizendo como somos estrangeiros nessa terra e É o Que Descobri, mais uma vez, falando das coisas vividas. Desacostumar encerra de forma brilhante com o sanfona e a esperança na volta de Cristo.

Com foco na vida e na fé e poucas variações sonoras, Deise Jacinto mostra uma personalidade musical que pode não agradar alguns por uma certa monotonia, mas agradar bastante amantes de um bom folk.

 

MARIANA SOARES

MARIANA SOARES

MARIANA SOARES

A última descoberta foi a “cantora, compositora e ajuntadora de poesias” Mariana Soares. Bastante jovem, mas cheia de personalidade e conhecimento musical, ela dá um show em cada instante de Pé de Limão. 

Iniciando com uma brilhante interpretação de Tracejo, música que ela compôs com a Lorena Chaves, Mariana já mostra ao ouvinte que ela não é apenas mais uma cantora legal. Com grandes variações e presença de metais, essa versão ganhou um “power up” massa.

https://youtu.be/zb7maXyunH0

 

Gosto bastante de canções que contam uma história e assim é Ela e A Velha. Falando sobre o encontro de gerações e as formas como vivemos, a pegada da faixa é bem como a Lorena, mas com um toque experimental bem significativo como o leve  samba/jazz do final da canção.

Falando em samba o que é Ao Samba? Com ousadia, Mariana faz uma lindíssima homenagem ao ritmo evocando toda a sua brasilidade com versos do hino nacional e referência à clássicos da MPB como Aquarela do Brasil, do mestre Ary Barroso. Tudo isso com uma sofisticação encantadora.

https://youtu.be/yaa6qQV1exA

 

Que Mentira é praticamente uma extensão da faixa anterior trazendo um diálogo entre o Samba e a Bossa Nova. Um deleite criativo que reivindica a inspiração divina para os estilos.

A introdução de Dá Corda é muito parecida com Memórias de Um Narciso, da Lorena. A faixa convida a gente a viver pra valer, a deixar as tretas de lado e aproveitar cada detalhe dos nossos dias.

Pé de Limão é tensa. Ácida e crítica sobre uma relação homem-natureza um tanto quanto turbulenta e realidades negativas. Um trecho que salta da faixa é:

O verde está em cinzas
O céu em nuvem de fumaça
O mundo enfeiou
O sol está mais quente
O amor não para de esfriar
Esqueceram tudo o que você ensinou

Apesar do timbre de voz ser bem agudo pra minha preferência, acho o canto da Mariana Soares muito bom. Transbordando criatividade e energia, essa menina vai longe, com certeza! Ah, vale a pena conferir também o álbum A Natureza Te Grita.